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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Gente, tava andando na uem e achei esse papel... fiquei até com medo kkkkk
Alguém sabe de alguma coisa? Parece coisa de filme, mas o papel tem cara de ser bem velho... desconfio q deve ser uma brincadeira de alguém, mas essa uem vazia... sei lá. Se alguem souber de algo me manda um inbox please




Gregório Balielo

terça-feira, 1 de agosto de 2017

440

Assim como cada variação de tom do círculo cromático das cores equivale à uma frequência especifica do espectro de ondas perceptíveis aos cones do olho humano, as notas musicais como às conhecemos pela música também são ondas que oscilam em frequências perceptíveis à audição cóclea humana. Na história de todos os povos, o som e a imagem foram propagados nas diversas culturas, e em cada uma delas a música também esteve presente.
 Desde as primitivas emissões guturais dos primeiros seres humanos à verbalização de línguas vernáculas, a voz foi um instrumento tocado pela história da humanidade, sendo também o principal meio de comunicação dos seres humanos. Além de sua função no acasalamento e na reprodução das espécies, a diversidade de vozes serviu de alicerce para formação das sociedades e das redes de relações entre os povos e as culturas.
Devido à inerência das manifestações artísticas às relações culturais e sociais de um contexto histórico, o acesso a música de uma cultura nos permite imaginar e imergir momentaneamente em uma realidade que existiu ou ainda existe, e é na percepção sonora que supostamente alojamos o nosso conhecimento e os significados atribuídos ao que ouvimos.
O uso da música em rituais das civilizações mais antigas do mundo, presentes na Mesopotâmia, no Egito, no norte da Índia e na China, exaltava seus deuses pela fertilidade nas colheitas (a palavra cultura remete à ação de cultuar, cultivar). Os gregos fizeram seu uso na tragédia e na filosofia, que buscaram relações em seus estudos, entre a música e a compreensão da natureza do universo.
Na Idade Média, o surgimento da nomenclatura das notas músicas, atribuída a façanha do monge italiano Guido D’Arezzo em sua homenagem à São João Baptista, é um exemplo de como o monopólio intelectual da Igreja Católica na sociedade medieval fez com que as produções artísticas seguissem a moralidade vigente, e a produção sonora enquanto instrumento de catequização surtiu um impacto na difusão da música do período. É neste momento que as entidades eclesiásticas medievais retornam aos antigos textos gregos para entenderem a filosofia da “música universal”.
Pitágoras relacionou o estudo da música à astronomia. O filosofo acreditava que o Sol, a Lua e os planetas, percorriam em órbitas esféricas em volta da Terra, e faziam o universo vibrar criando uma música das esferas e assinalando a existência de uma harmonia no universo. Chegaram à conclusão como haviam previstos os filósofos: os modos surtiam efeitos “éticos” e podiam despertar emoções no ouvinte. Por exemplo, o modo dórico expressa o etos nobre, tranquilo, enquanto o modo frígio, o etos entusiasta e animado. Há uma história que conta que Pitágoras acalmou um jovem agitado de tendências violentas ao mandar o flautista passar de um modo para outro. Deste modo, foi assim que surgiu a teoria dos afetos sobre a música, explicando os efeitos causados num ouvinte a partir de uma noção funcional na estética sonora.
Com o surgimento da imprensa tipográfica e da gravura, a reprodução de textos e imagens permitiram às culturas o registro do conhecimento de seu tempo e produções artísticas, em reproduções que também transmitiam os ensinamentos dos antepassados. Livros, gravuras, esculturas, telas e partituras engendram o conhecimento de uma época e a necessidade de uma atenção à materialidade das obras para um melhor entendimento da história. O alcance das obras visuais, literárias e das composições sonoras tornaram-se imensuráveis na era da reprodutibilidade técnica.
Os meios atuais de comunicação são adventos tecnológicos que inovaram as possibilidades de produção e de difusão de obras. A instantaneidade demonstra a velocidade que percorre a informação no mundo globalizado. O crescimento do acesso aos dutos da informação, via aparelhos eletrônicos industrialmente projetados como mercadoria, reflete os interesses de uma realidade que afirma o consumo.
É ingenuidade achar que o avanço da ciência e da tecnologia não possuem vínculo com interesses lucrativos. Por trás de todos os conflitos bélicos e guerras mundiais, houve um impulsionamento de pesquisas e o surgimento de inovações no campo cientifico, principalmente diante das situações críticas vividas nestes períodos. A química foi aprimorada pela sua utilidade nas trincheiras, a física desenvolveu usinas e bombas nucleares, a medicina serviu às atrocidades nos campos de concentração. A disputa por território e por recursos parece ser um problema insolúvel na história, e que parecem se agravar numa sociedade globalizada e consumista.
No dia 6 de agosto de 1945, às 08:15 (horário de Hiroshima), o pequeno garoto e seus 64kg de Urânio-235 demoraram 44,4 segundos para aterrissar. Enola Gay (o avião bombardeio) viajou alguns quilômetros antes de ser atingido pelas ondas de choque da explosão. A bomba H caiu sobre um hospital. Três dias depois, o homem gordo e seus 6,4kg de plutônio pousam em Nagasaki. Em 15 de agosto de 1945 o Japão se rende, assinando os papeis de rendição a bordo do convés de um navio americano, dando um diplomático fim à Segunda Guerra.
O surgimento da pop art na década de 50 expandiu ainda mais a noção das possibilidades de produções artísticas, o impacto em um número grande de pessoas em um curto intervalo de tempo ainda revela as fronteiras entre as inovações estéticas e a massificação. Por um lado, o acesso aos instrumentos e materiais permitem a criação autoral, advinda de qualquer pessoa que busque produzir de forma independente. Por outro, uma indústria fonográfica que estabelece tendências com a finalidade lucrativa sobre os interesses de consumo alheios, estipulados pela mídia e pela propaganda que são financiadas pelos mesmos que fomentam o consumismo. A falsa hegemonia vendida nos produtos alimenta e impõe personalidades induzidas, e que busca sempre instigar quem consome a consumir mais e mais e mais.
Nesse âmbito, as produções artísticas estão condicionadas à pós-modernidade, as obras não dependem somente delas mesmas para se comporem. O campo ampliado expandiu e questionou o cabimento da palavra escultura. O termo espectador já não comporta mais quem integra a percepção e a interação com uma obra. A música eletrônica é manipulada compulsoriamente nas manifestações culturais e sonoras contemporâneas.
A música pop de hoje é notável pela popularidade a nível global de muitas melodias, mesmo que algumas sejam enquadradas como mainstream, ainda possuem melodias que cativam e agradam ao gosto de muitos ouvintes. Embora seja pouco falado, o millennial whoop está presente em muitas dessas músicas que provavelmente já ouvimos e que gostamos sem saber. A cadencia de notas que alternam entre as 3ªs e 5ªs notas de uma escala maior, está presente em muitas músicas conhecidas mundialmente na atualidade, e pode ser observado num padrão empregado em diversas canções da música pop dos dias atuais.
Essas são todas características que reverberam o nosso mundo, mas será que este mesmo mundo no qual vivemos hoje é o retratado pela arte? Se a arte expressa uma realidade, será que a arte que estamos convencionados à olhar e a ouvir expressa mesmo o que sentimos em relação à realidade que percebemos? Será que não há nenhuma interferência nas ondas que captamos? E se as informações do conteúdo que consumimos forem manipuladas? E se as imagens e sons que nos atingem forem todos programados para nos condicionar? E se a música que você gosta estiver sendo usada para te controlar?

Assinado, T.

Acadêmico: Yan Kimura