É necessário que as escolas de formação, as Licenciaturas em Artes Visuais de todo país enveredem por uma luta que expanda suas áreas de atuação, especialmente por sua natureza interdisciplinar, lutando contra a sua quase desaparição na deforma do Ensino Médio e em seu empobrecimento intelectual e esvaziamento como área de conhecimento.
Existe um movimento articulado, até dentro das Instituições, para liquidar currículos mais interdisciplinares, no sentido de investir num currículo positivisticamente pensado e que nada o diferirá da máquina de produzir reprodutores e da "educação bancária" que tanto falava Paulo Freire.
Quando Diretor de Cultura da UEM chamei um workshop para pensar um curso de Artes Visuais para nossa Universidade, que carecia de Licenciaturas em qualquer tipo de Arte. Só existia o Curso de Música, do qual era professor de Acústica (e a quem tinha ajudado quando ainda era um curso técnico pré-Licenciatura e Bacharelado). Profissionais da UEPG, UNIOESTE estiveram presentes na discussão sob os auspícios da minha Diretoria e da Pró-Reitoria de Cultura. Terminado esse workshop foi montada uma Comissão para a criação do Curso de Licenciatura em Artes Visuais. A ideia era criar um curso com uma grade curricular avançada e que contemplasse a Arte-Ciência como já havíamos desenvolvido em um sem-número de ações prévias à essa Comissão. Ao final, foram criadas duas disciplinas semestrais, DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES ARTE-CIÊNCIA I e II. A criação do curso puxou a reboque também a criação do curso de Artes Cênicas, demonstrando um momento ímpar das Artes na UEM.
Onze anos depois, sob as contingências de uma pandemia global e de dois golpes de Estado (2016 e 2018), parece haver no horizonte destrutivo da cultura, da educação, da ciência, animus destrutivos dentro da própria Instituição, visando o esvaziamento curricular, a contenção da inter e da transdisciplinaridade, além da adoção de um certa fascistização que vemos praticada hoje no atual desgoverno.
Os responsáveis pela destruição serão expostos, assim como este modus perniciosius de imbecilizar inclusive atores institucionais, alunos e professores, para garantir que a destruição suceda a construção sob o signo de "reforma", quando, na verdade, se trata de uma verdadeira DEFORMA dos princípios básicos que trouxeram à luz o curso.
Em onze anos foram montados em três Programas de Pós-Graduação em Educação para a Ciência (PPGECT-UTFPR; PPEGECEM-UEPG; PCM-UEM) áreas de pesquisa ligadas à Arte-Ciência, assim como espaços de interação e discussão (Workshops e International Meetings de Arte-Ciência) para formar pesquisadores inclusive mestrandos e doutorandos.
Liquidar a formação básica, a graduação, é arrebentar os fundamentos criadores não de mais um curso, mas de um espaço de formação em Artes Visuais voltado para desafios inter e transdisciplinares, e não para a antipedagogia da repetição, da memória e do exílio do conhecimento!
Prof. Marcos Cesar Danhoni Neves
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