Tadus é uma narrativa sobre a condição humana, sobre a produção humana em seus complexos e acasos. O nome deriva de um instrumento de tortura, pois a dor é um dos aspectos da realidade. É justamente o real que é sintetizado e abstraído. O real da produção humana, encontrando-se nessa polissêmica trama a arte e a ciência como produtos (materiais e intelectuais) humanos. A estrutura narrada se constitui de três distintos pontos que podem ser condensados na apresentação do Mundo Inferior, do Mundo da Superfície e de modo conclusivo, dos antecedentes dessa divisão universal fixa. Tomando como partida a divisão do mundo físico de Aristóteles e como pano de fundo uma narrativa que aponta para um possível futuro humano, Tadus expressa metaforicamente à divisão do trabalho, a relação burguesia e proletariado no mundo moderno e contemporâneo, trata-se de um manifesto crítico ao modo de produção humana e consequentemente de organização social.
O conceito e execução da obra são de autoria dos acadêmicos Lucas Men Benatti, Odonias Souza de Santos Junior e Rafael Carvalho de Almeida.
Ontem
veio à fama,
Ontem
teve a glória,
Mas
amanhã você chora!
Ontem
tinha em tuas mãos os açoites,
Ontem
escorria dos teus lábios as pragas...
Amanhã...
Um
canto na cela?
Um
sonhar sem vida?
Ontem
mantivera prisioneiros
Ontem
mantivera operários
E
hoje não terá nem comida!
Nem
poderes!
Nem
tolos!
Teu
império vai ruir
Teus
exércitos acovardados fugirão...
Tua
lábia não lhe valerá de nada!
Ontem
governou o mundo...
Ontem
absoluto e soberano era um deus
Amanhã?
Amanhã
será um vagabundo a vagar...
Um
pobre a pedir...
Um
tolo a tocar...
Um
deus a implorar...
Um
forasteiro a fugir...
Um
mendigo a medir...
Medirá
tua vida...
Medirá
teu destino...
E
morrerá...
Infeliz
morrerá...
Esquece
teus vinhos...
Será
um querer e desejar sem poder!
Apenas
a apreciar...
Um
canto a viver...
Um
pão que possa comer...
No
meio das ruas os espelhos...
No
meio das ruas as luxurias...
E as
pessoas a se admirar...
Tuas
vitrines de brilho...
E
teu triste sorriso de pena
E
vai lamentar...
Vai
chorar...
Desfalecer...
Dormir...
Morrer.
Carregava
uma força que não poderia controlar. Vinha um destino que lhe assinalava a
vitória. Era isso que diziam ver em seus olhos enquanto marchava pelo branco.
Branco era a cor das cidades. Um, dois, três. Um, dois, três, quatro. Essa era
a marcha que não poderiam parar, pensava. Essa era a marcha que não poderiam
controlar a vitória. Sentia todos seus músculos em harmonia, em êxtase de
emoção e força. Força e coragem. Coragem e gritos.
Não podia lhe ocorrer que não seria assim. Não passava em
sua mente que não tomaria de volta o que lhe retiraram. Era assim, era assim e
sempre seria. Mas não desta vez! Ergueu teus braços e inflamou a bandeira.
Sentia-se tocado pelo próprio Deus. Sentia a vitória em tuas mãos... O céu era
cinza. Pólis já nascera sobre o amarelo que lhe encarcerava abaixo da terra.
Branco e cinza eram como dádivas. Mas as cores da multidão era a mais bela arte.
Percorriam o espaço em rápido caminhar. Sentiam a
ansiedade e o sopro que antecede o confronto. Era palpável o medo. Era visível
a vontade de mudança. A rua ainda vazia. Não havia nenhuma resposta aos seus
atos. Todo concreto e vidro era silencioso. Vácuo. As luzes artificiais sempre
acessas. Flashes dos olhos de Deus. Recordavam todo o passado. Corriam a mesma
corrida do tempo com o presente.
Observou seus companheiros. Sussurravam a melodia
proibida. Tomavam da arte a força para teus atos de violência. Bebiam no seio
das musas o leite para a vitalidade. Não seriam vencidos. Não desta vez.
As luzes artificiais se apagaram. Toda rua foi tomada por
completa escuridão. Eles sabiam que viriam. Eles já sabiam de sua presença na
Capital. Onipresença. Onisciência. Onipotência. Os olhos do Governador se
abriram para os rebeldes. Sentiram o peso da divindade sobre seus corpos.
Permaneceram em marcha, não se intimidariam... Dos prédios, a fumaça da morte
passou a ser liberada, mas já esperavam por aquilo, fecharam teus capacetes e
ligaram os pares de lanterna acopladas a ele.
Pólis
acionou a visão noturna de teus óculos, só assim, ainda que com dificuldades,
conseguiria ver algo a sua frente. Sabia que não seria apenas aquilo. Negro. O
mundo era negro.
Que
coisas piores o esperavam? Em sua mente construía algumas possiblidades do que
poderia vir, mas nunca teria certeza de quais cartas o Governador usaria em seu
jogo.
Toda
a terra estremeceu abaixo de seus pés. Engrenagens invisíveis resmungavam
funcionar pela primeira vez. Tudo ali era artificial. Tudo ali fora construído,
modificado, reinventado... Cada centímetro guardava um segredo do Governador.
Cada máquina, cada átomo a vida de um homem. A rua branca continuava a se movimentar, Pólis
não ouvia mais o canto de teus companheiros... Todos tinham seus sentidos
diminuídos... Não viam, não escutavam com precisão... A rua começou a se
abrir... Estavam sendo engolidos, tragados pelo demônio... Eram como almas a
serem sugadas para o inferno. Mas não temeriam... Já estiveram no inferno por
muitos e muitos anos. Não retornariam para ele!
Não
se retiraram! Continuaram a marchar... Mas não havia para onde correr... Não
havia saída. O destino estava assinado desde o inicio. O destino estava
predeterminado antes mesmo de estarem ali.
Pólis
corria ofegante contra a rua que se partia ao meio. Estavam presos em um
corredor da morte. Muros se levantavam entre os prédios... Não havia direção
para fugir. Era apenas uma estrada para o fim.
PARA BAIXAR O ARQUIVO COMPLETO COPIE E COLE O LINK ABAIXO EM SEU NAVEGADOR
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