Este es un sitio web para producir creaciones visuales en el contexto de un diálogo permanente entre arte y ciencia.
[This is a website to produce visual creations in the context of a permanent dialogue between art and science]
VISUAL ARTS - STATE UNIVERSITY OF MARINGÁ, PR.
A partir de análises e discussões sobre a temática das relações entre arte e ciência e obras que permitem evidenciar tal relação, como o quadro "Experiment with a bird in a pump of air" de Joseph Wright of Derby, foi produzida a seguinte imagem, intitulada Experimento com uma bomba de qualquer coisa:
P.H. Cavallari.
Experimento com uma bomba de qualquer coisa.
Nanquim sobre papel 90g.
O óculo da percepção humana é o caminho para o tubo de ensaio que é seu espírito/mente. A ciência está e sempre estará fadada à infinita atividade descritiva do infinito que é o mundo vivido. Jovem arte produtora de obras que primeiro parecem anedotas, depois tragédias depois comédias, depois meras fábulas pois vêm (surgem) novas anedotas, tragédias, comédias, fábulas, anedotas... a ciência, como diria o filósofo Maurice Merleau-Ponty, "sobrevoa" o mundo sem verdadeiramente penetrá-lo[1].
A condição humana vidente conduz este elemento da cultura, que é a ciência contemporânea, ao mesmo desejo humano de ver. Por meio de seus aparelhos perceptivos o homem experiencia o mundo a todo momento e neste "experimento de tudo ou qualquer coisa", realiza genuinamente o que a ciência deseja explicar e inutilmente esgotar.
___________
1 M. Merleau-Ponty. L'oeil et l'espirit. Paris: Gallimard, 1961.
Hoje falaremos sobre um artista contemporâneo, cujo trabalho artístico foge da representação pictórica, tal como já vimos nas obras de arte renascentistas aqui apresentadas, porém mantém a fusão entre arte e ciência como foco do trabalho. Estamos falando de José Wagner Garcia, artista nascido em 1956 em São Paulo. Arquiteto, semioticista, space artist (termo geral para a arte emergente do conhecimento e ideias associadas com o espaço exterior, tanto como fonte de inspiração quanto um meio de visualizar e promover as viagens espaciais.) e genetic designer, trabalha nas áreas de arquitetura em aço e das relações entre arte e sistemas vivos.
Garcia é pesquisador associado do Center for Advanced Visual Studies (CAVS), e Media Lab do Massachusetts Institut of Technologie (MIT), USA. Mestre pelo MIT com dissertação sobre sistemas vivos, desenvolveu seu projeto de doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), no programa de comunicação e semiótica, sobre o tema estética evolucionária. Tem participado dos principais eventos ligados à arte-comunicação e interação entre arte-ciência-tecnologia do país, bem como da exposição Precursor e Pioneiros Contemporâneos, no Paço das Artes, São Paulo, em 1997, na qual apresenta o trabalho Light Automata, instalação que envolve holografia de imagem de síntese e bioluminescência.
Nos anos 90, colaborou em um projeto chamado Escola Futuro, no qual defende o uso de softwares dentro de sala de aula, os quais permitem a integração de texto, imagens, sons e fotos, comandados por um microcomputador, visando uma melhor interação do aluno com o conteúdo através destes suplementos para docentes acostumados com vídeo-games e videoclipes. O pesquisador diz que "Escola do Futuro não é tecnologia de ponta dentro da sala de aula, e sim o preparo das crianças para viver no futuro" e complementa "Existem experiências de mundo que o computador não resolve. No computador pode-se pintar uma linha, mas a criança não pode ser privada da experiência de passar um pincel com tinta sobre o papel.".
No mesmo período o arquiteto realizou tais obras: “Amazin Amazon”, “Angel5”, “Distúrbio”, “Pele da Imagem”, “Ópera Digital”, “An atribute – value representation for a family of fractal images”, “Wet Ware” e “11,23”. Em 2000, Garcia realizou as obras “Baxel – bio art”, “Ladrão de Ritmos”, “Arte e Senso Comum”, “Faixa de Gaza” e “Nanoilusão”.
SKY ART
Trabalhando com um satélite em movimento aqui no Brasil, em 1989 o artista José Wagner Garcia cria uma trilogia de obras: Sky and Life, Sky and Body e Sky and Mind.
Se valendo de três diferentes modalidades de captura de sinais, Garcia trabalha em Sky and Life capturando sinais de estrelas tipo G5 (características semelhantes as do sol). Essas imagens eram interpretadas por ele como possíveis mensagens do espaço para a Terra. Esses dados coletados eram convertidos em imagens fractais, que eram devolvidos ao espaço como uma forma de resposta. Em Sky and Body, a idéia era capturar as imagens da terra a partir do espaço, utilizando um balão estratosférico do instituto nacional de pesquisas espaciais (INPE). Foi instalada no balão uma câmera de slow-scan TV acoplada a uma câmera de vídeo que gravava imagens durante sua subida, posteriormente, o slow-scan converteria as imagens em impulsos de som para serem enviadas à Terra, onde seria novamente convertida em imagem. Já em Sky and Mind, cuja inspiração foram as famosas linhas de Nazca, o artista, desenhou no solo os trigramas do I-Ching, aproveitando o sistema de irrigação de uma fazenda em Barretos, em uma escala possíveis de ser vista do espaço cósmico, compatível com a resolução dos sensores orbitais utilizados, que fotografaram seu trabalho a 800 quilômetros de altura pelo satélite Landsat 5-TM, quando só então se torna legível. Nesta obra o artista respeitou o ciclo natural da plantação, separando a palha e com elas inscrevendo, com a ajuda de tratores, os trigramas Chien (Céu) e Chen (Trovão).
Garcia é responsável pela primeira, e até agora única, experiência com Sky Art no Brasil, e sobre seu trabalho, pode-se dizer que é uma espécie de resposta anárquica ao à Iniciativa de Defesa Estratégica, também conhecida como Projeto Guerra nas Estrelas, em franca discussão na época de sua feitura, que consistia em pesquisas pagas pelo governo dos Estados Unidos para cientistas e militares pesquisarem sistemas de rastreamento no espaço e antibalísticos.
AMAZING AMAZON
José Wagner Garcia é um criador em novas mídias que se pode considerar radical, não se trata de mais um parnasiano high-tech, desses que se satisfaz em criar sistemas inacessíveis e desprovidos de conceitos. Pelo contrário, Garcia é um investigador acima de qualquer suspeita, justifica e racionaliza cada um dos programas, ações e parâmetros que utiliza. Foi assim que trabalhou, nos anos 80, quando atualizou a Land Art (na qual o terreno natural é trabalhado para que seja a obra) para a escala dos satélites, hibridizando a astrofísica e a arte, o que o levou a compor “Amazing Amazon”, em parceria com a Petrobrás, o MIT e a Nasa.
Em um projeto complexo, “Amazing Amazon” chegou a resultados que puderam ser confrontados na exposição que ocupa a sala Paulo Figueiredo, do Museu de Arte Moderna de São Paulo, em um auditório inflável implantado no parque do Ibirapuera. Para tanto, utiliza interfaces on line, imagens de satélite que retratam o rio Amazonas em 1992, atualmente expostos na sala do museu, mais um sistema de projeção em 10 telas distintas que ocupam um espaço circular, o auditório inflável, em que se é convidado a assistir as imagens deitado. Tudo isso é feito para que os visitantes da mostra participem (ou contemplem?) do objetivo central do projeto: “Tratar o rio Amazonas como uma escultura geológica, estabelecendo uma estética de sua morfogênese”.
Percorremos os 7 mil quilômetros das águas amazônicas em imagens videográficas aéreas, terrestres e processadas por satélites como JERS-1, que fazem parte de projetos internacionais de mapeamento dos recursos naturais e são utilizados para finalidades diversas, como, por exemplo, controle de cheias. Wagner desfaz as compartimentações que permitiam diferenciar campos disciplinares científicos e artísticos, reconfigurando as funcionalidades desses mapeamentos. A natureza não é só representação, mas mediação, como afirma o próprio artista.
Para saber mais sobre o artista e seu trabalho, recomendamos seu artigo escrito para a Folha de S. Paulo sobre arte biológica e tecnologia:
Chih Wei Chiang - Releitura: Jean de Dinteville, uma viagem ao futuro (2013)
Grafite sobre papel canson A4
A releitura feita por mim está
relacionada à representação da obra “Os embaixadores” (1533), de Hans Holbein, em
que o embaixador francês da Inglaterra Jean de Dinteville faz parte de minha
obra.
Da
obra de Hans Holbein selecionei alguns elementos para fazer uma releitura, como
o estante ao fundo com os instrumentos astronômicos, o globo terrestre, os
livros, faltando apenas os instrumentos musicais. Mas, além disso, uni também
os elementos de invenções mais atuais que a obra e os estudiosos e cientistas
contemporâneos, para brincar um pouco na releitura.
O
engraçado de ver na releitura é a reação do embaixador Jean de Dinteville ao
entrar num ambiente que praticamente desconhece muitos dos elementos presente
nele, como o quadro do sistema solar pendurado na parede, o calendário que eles
não tinham da forma representada no desenho, mesa e cadeiras modernas, a
caneta, o telescópio, o relógio, livro falando sobre o planetário, ciências,
arte e um último, bem escondidinho é de religião, que relaciona-se com a obra
“Os embaixadores”, em que consegue-se ver no canto esquerdo a metade de um
crucifixo tampado por uma espécie de cortina. Há também na releitura, em um
painel, retratos de estudiosos e cientistas contemporâneos do embaixador, como:
Galileu Galilei, Isaac Newton, A. Einsten e Freud. Provavelmente, só não
desconheça o retrato do artista Leonardo da Vinci, o globo terrestre e o
compasso que está em cima da prateleira.
Essa
viagem para o futuro é muita coisa para a cabeça de Jean de Dinteville!
A imagem trata-se de uma releitura da obra chamada An Experiment on a Bird in the Air Pump (Experimento com um pássaro em uma bomba de ar) de Joseph Wright of Derby, 1768, a partir da proposta da disciplina de arte e ciência. A pintura original coincide com a época da revolução industrial, conhecido também como a era da razão, o Iluminismo, retratando uma reunião cientifica noturna, com cientista da época James Ferguson com o assunto principal a demonstração das propriedades do ar. A obra pertence a serie “à luz de velas” que homenageia a física, a astronomia e a química, devido intensa atividade cientifica dessa época.
Valendo-se da relação do ar como fonte de vida, partido dos estudos de Lynn Margulis sobre holocausto do oxigênio*, onde parte de uma longa discussão de como se deu o oxigeno a na terra, os seres vivos que se adaptaram a esse novo contexto, e a ciência. Dialogando com o observador como faz Wright, a imagem convida a transpor a realidade para um paralelo, onde a ciência trabalha na compreensão de um elemento essencial para vida aeróbica, o ar. As figuras constituem-se de seres inorgânicos de inteligência artificial, criadas a partir de metais resistentes e da mesma forma que os personagens do quadro de Wright observam alguns assustados outros maravilhados os experimentos com o oxigênio. Uma imagem de ficção cientifica, onde “humanos” cibernéticos se da param com algo dramático que é o orgânico “o ar”, um elemento que provoca a vida e ao mesmo tempo a tira, para os seres aeróbicos ou aquelas maquinas que podem sofrer com a oxidação provocada pelo oxigênio.
An Experiment on a Bird in the Air Pump, Joseph Wright of Derby, 1768
Bomba orgânica, 2013 Ana Paula.
Naquim e Maker sobre papel (224g), 21,0 cm x 29,7 cm
tratamento photoshop CS6
*Ar (oxigênio) deu origem a vida na terra, segundo Lynn Margulis em holocausto do oxigênio, com a escassez de H2S (Ácido Sulfúrico) selecionou organismo que pudessem utilizar Hidrogênio presente na água (H2O) para síntese de seu alimento, então surge a cianobactérias e fotossíntese aeróbica (luz, gás carbônico e agua), isso abarca em uma nova situação na terra, pois o resultado é um gás altamente nocivo, que rege com a matéria orgânica, retira elétrons e produz radicais livres, substâncias com elevado poder reativo e causa a instabilidade de compostos constituídos de carbono, hidrogênio e oxigênio. A principio os metais e gases nobres continha a degradação do oxigênio impedindo que a atmosfera tornasse oxidante, mas quando os metais livres esgotaram o oxigênio acumulou na atmosfera e com isso muitas populações foram exterminadas, caracterizando o holocausto e uma nova condição ambiental surgia, com bactérias que conseguiam viver no meio oxidante e se utilizar do oxigênio.
A obra aqui descrita, feita em nanquim e lápis aquarela, conjuga
elementos de outras produções artísticas apresentadas e analisadas, que
retratam cenas com objetos e eventos científicos, para compor novas relações simbólicas,
ao jogar com os objetos científicos retratados nas obras tomadas como referência.
As formas do volume representado baseiam-se
nas formas das faces do relógio solar poliédrico, instrumento de aferição
astronômica, retratado nas duas pinturas de Holbein, o Moço.
Essas formas inscrevem, na
parte superior da imagem, uma campânula, retirada da pintura de Derby (O experimento com uma bomba de ar),
dentro da qual está confinado um anjo, em lugar da ave, e que, como criatura
celestial simboliza o universo da Fé, e aparece como se estivesse perdendo o
equilíbrio dentro da redoma cristalina que o envolve. Sinaliza o modo como, no
percurso cientifico, o homem esbarra com as questões do sagrado, com os
preceitos religiosos.
Na parte inferior da imagem,
há uma alusão ao modelo do sistema solar copernicano, e no centro do qual é representado o sol, com a imagem de um crânio (elemento da pintura de Holbein Os embaixadores),
metaforizando a morte, a finitude das coisas existentes, da vida, posta ao
centro das questões da própria existência, assim como está o sol na
organização/esquema do sistema planetário.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Releitura "Esboços"
Flávia Gurniski - Esboços, 2013. Sépia e Sanguínea sobre papel A4.
Recorte da obra: Hans Holbein - Os Embaixadores, 1553
Durante a Renascença buscou-se a valorização do ser humano -humanismo- e da natureza em oposição ao divino e ao sobrenatural, ideias presentes na Idade Média. Em suas descobertas científicas, o homem acreditava que os poderes racionais da mente poderiam compreender os padrões lógicos do universo. Os artistas do Renascimento expressavam os valores da época à racionalidade, traduzida no rigor científico, na experimentação e na observação da natureza.
Em vista de tais questionamentos, a releitura da obra Os Embaixadores (1553), do artista Hans Holbein, faz menção ao legado deixado pelo homem. A luz simboliza as ideias e o crânio juntamente com os esboços a representação do conhecimento do homem que é passado de uma geração a outra em constante expansão.
O Experimento com uma Bomba de Ar, de Joseph Wright of Derby
No século XVIII, em que foi produzido essa obra, passa ser conhecido como a Era da Razão, e a Europa vive sua Revolução Industrial. Nesse período os artistas buscam no Barroco características para suas obras. Nessa obra de Joseph Wright, podemos ver composições em diagonal ressaltando a profundidade, iluminação dirigida, contornos que fundem com o ambiente, figuras que parecem extrapolar os limites estabelecidos, o claro e o escuro, sensação de movimento e ação, luz, sombra, temor, inocência, poder, que são conseguidos através das cores. É uma obra expressional, pinturesca, e cromaticamente quente, características típicas do Barroco.
O pânico da cacatua, fica nítido na cor banca, que o artista com esse gesto, parece querer nos mostrar o medo das pessoas dessa época diante do poder da ciência, como ameaça ao mundo.
Releitura: Experiência com o gelo- Desenho a lápis em sulfite
Malu Iasuki
O que a releitura dialoga com a obra original? Há uma mudança de paradígmas acentuado.
Se para Wright, a cacatua branca pode ter sido escolhida por ser parecida com o pombo, que no catolicismo é o símbolo do Espírito Santo, para fazer uma crítica ao poder da igreja católica, ou por sua cor branca e fria poder sofrer grande contraste com as cores quentes usadas pelo artista, não podemos afirmar o certo, mas percebemos que o branco da cacatua ressaltou emoções como o medo e o pavor nos olhos e rostos dos personagens, como símbolo do temor da ciência na época, através da morte da cacatua. Na releitura foi
escolhido a cor branca dos jalecos médicos, que na atualidade remete à medicina, à ciência, como poder para salvar
o mundo, à paz, à confiança, diferentemente da Idade Média. Se o artista nos
passa a sensação de horror, medo, terror, através das cores, na releitura a cor
branca nos passa a tranquilidade e confiança na
ciência, que o homem tem ao apresentar-se como cobaia.
Na idade Média, a cor
vermelha era para as pessoas de maior poder aquisitivo, devido à dificuldade de
se conseguir tecidos tingidos. Na releitura o poder está justamente na cor
branca dos médicos cientistas.
Podemos perceber que não
existe criança na cena, como há na obra descrita, porque no nosso século a experiência
médica e científica, tem seu lugar reservado, é levado a sério,(não quero dizer que na Idade Média a experiência não era levado a sério) mas que não está para
servir de espetáculo para adultos, muito menos para crianças. A pesquisa
científica na releitura demonstra a
valorização da vivência de um cientista em sua idade mais avançada, com seus
cabelos brancos, mas também valoriza o saber e conhecimento do mais jovem, por isso há pessoas de idades diferentes,
assim como gênero diferente, valorizando o sexo feminino.
Na obra de Joseph Wright, o cientista de cabelos
brancos, que se assemelha a um mágico, olha diretamente para o observador, com
ar onipotente, como Deus, que pode ou não devolver a vida, ou mesmo que pode
ser maior do que o Espírito Santo, quando escolhe a cacatua, que é semelhante
ao pombo. Na releitura, o cientista de cabelos brancos, não aparenta em nada a
um mágico, e sim a um renomado cientista
que está preocupado com o ser humano que se dispôs a favor da ciência. Se Joseph Wright colocou na obra o elemento caveira dentro do
jarro para funcionar como um lembrete para a morte, eu
coloquei na releitura, um coração para simbolizar a vida.
A experiência é feita
com um indivíduo congelado ainda vivo até o pescoço, para testar a
resistência do ser humano em ficar
congelado, enquanto um coração está coberto por gelo em outro recipiente,
sendo observado com cuidado por outro médico. Outros três médicos cientistas
observam o indivíduo, e tiram dúvidas entre si sobre o experimento. Experiência esta com o único objetivo de poder salvar vidas no futuro através da ciência.
O ambiente é uma sala de
laboratório hospitalar, com luz elétrica. O efeito da cor pálida e fria, é
justamente para passar a sensação de frio de uma sala refrigerada com ar
condicionado, para que o gelo permaneça mais tempo sem derreter. Diferentemente
das cores quentes e fortes da obra “O Experimento com uma
Bomba de Ar”
A releitura foi baseada na obra An experiment on a bird in the air pump (1768) de Joseph Wright of Derby . Tendo em vista que a releitura trás, de um modo bem simples, uma visão dos fatos por parte dos pássaros, foi feita uma inversão de personagens: onde há humanos na obra original, aqui vemos os pássaros realizando o experimento; no lugar da cacatua na bomba de ar, é possível ver um humano sendo enforcado até sangrar. O cálice, que antes trazia uma caveira, agora se enche com o sangue derramado do pescoço do humano.
Observa-se, também, como na obra original, uma janela e a lua ao fundo. Logo abaixo há um pequeno pássaro que esconde a face com as asas a fim de não observar a morte do humano, da mesma forma que a garotinha da obra de Derby, que demonstra não querer ver o experimento com o pássaro.
Pode-se dizer que a releitura é uma ironia e uma espécie de vingança por parte dos animais que se rebelam contra os humanos e suas atitudes. Essa releitura e sua ideia trás à mente outras duas obras literárias que se relacionam à esse conceito de vingança dos animais aos humanos opressores. Essas obras são A revolução dos bichos (1945) de George Orwell e Os pássaros (1952) de Daphne Du Maurier (obra transformada em filme por Alfred Hitchcock em 1963).
No livro A revolução dos bichos temos a história que ocorre na Granja Solar, onde os bichos viviam com seu dono, o Sr Jones. Um porco chamado Velho Major sonha com uma revolução onde todos os animais são iguais e auto-suficientes. A ideia é colocada em prática pelos animais e depois da revolução a granja passa a se chamar Granja dos Bichos e é administrada por Bola-de-Neve, um porco. Depois de um tempo, Napoleão, outro porco, toma o poder e passa a desrespeitar as ideias animalistas. Cinco anos depois, Napoleão ocupa a casa do Sr Jones, veste suas roupas, anda sobre duas pernas, bebe álcool, instala uma ditadura e hostiliza os demais animais, considerando-os inferiores e sem direitos. O porco se tornou tão tirano quanto os homens. Assim, tem-se a ideia de que o animal que domina, independente de qual seja sua espécie, sempre será um opressor.
Já o conto Os pássaros narra a história de um ataque constante dos pássaros contra as pessoas. As personagens atribuíam os ataques ao inverno rigoroso que teria perturbado os pássaros, visto que eles poderiam estar assustados e perdidos. As pessoas se veem obrigadas a bloquear as janelas e chaminés, a fim de impedirem novos ataques. Mesmo assim, os pássaros tentavam entrar, de qualquer maneira. As ameaças são constantes e não se finalizam.
A ligação entre a releitura An experiment with a bad human being e as duas histórias acima é feita por meio da inversão de papéis entre os animais e os humanos; e uma possível retaliação aos humanos que sempre oprimiram os animais. Pode-se dizer que a releitura é mais um meio de levar a uma reflexão a respeito dessa opressão aos animais e à natureza em geral, mostrando a realidade de que o homem precisa evoluir nesse aspecto.
(O desenho foi feito em papel A4 com lápis 8B e giz pastel oleoso vermelho)
A ilustração Nadando em Brócolis emerge como proposta
de releitura sobre os estudos de Vortex
realizados por Leonardo Da Vinci em 1508. A vontade de realização do desenho
partiu da necessidade de construção abstrata sobre certo fenômeno. No caso de
Da Vinci o fenômeno descrito foi a passagem da água permeando determinados objetos
e, consequentemente, o desenho conduzido pelo fluxo da mesma. Em paralelo, procurei
me interrogar em relação à germinação de plantas e sua padronização formal, a
exemplo do brócolis romanesco, que
faz alusão à geometria fractal e à interpretação de padrões explicativos sobre
as formas da realidade de mundo, os movimentos silenciosos da natureza. O interstício
artístico/científico se emoldura neste trabalho de Da Vinci, quando a
representação do fenômeno é aplicada ao estudo da passagem do sangue pelas
válvulas cardíacas.
(An Experiment of a Pump of Air) de Joseph Wright of Derby.
"O Experimento da Bomba de Ar"
(An Experiment of a Pump of Air) de Joseph Wright of Derby.
A releitura brinca com a questão do experimento. Na obra, em que o experimento coloca em "xeque" a vida de uma cacatua. Eu quis fazer esse joguinho de troca de lugares, colocando em posição a figura da igreja, que pode ser observado a partir da representação de uma cruz sobre a mesa no centro da imagem da releitura. Retratei a questão da igreja proibir estudos com seres vivos, em uma época anterior ao da obra de Joseph, pensando nisso, escolhi a obra de Joseph para poder evidenciar essa passagem, onde na releitura observa-se um homem no lugar da cacatua, retratando o fato da troca, como se as pessoas em volta da bomba na releitura representassem a igreja e que gritassem "Vê se seria bom você morrendo no lugar de outra vida. Morrendo a partir daquilo que você mesmo criou (experimento)". Essa foi a intenção que eu quis retratar. Em que a igreja faz o experimento, como um castigo/aviso pelos atos d próprio criador do experimento.
Após termos feito anteriormente, uma breve leitura de imagem da releitura que fizemos da obra "An experiment of a pump of air" (1768), do artista Joseph Wright of Derby, Essa obra é considerada uma das mais famosas cenas "à luz de velas" de Joseph Wright of Derby. Ela foi criada durante um período de intensa atividade científica na Europa do século XVIII. Era comum nessa época, cientistas viajarem com seus equipamentos e realizarem demonstrações em casas nos campos. E no presente momento, faremos uma análise mais detalhada da representação da obra, pegando os mesmos detalhes que usamos em nossa releitura:como a cacatua, alguém abrindo a cortina e a mesa com os instrumentos, e, estabelecer relações de alguns elementos que estão presentes na representação da obra de Derby e também na dos “Os embaixadores” (1533), de Hans Holbein.
Recorte: Chih Wei Chiang
Recorte: Chih Wei Chiang
Destacamos, então, em partes, os elementos a serem analisados:
A primeira imagem a analisarmos, é a cacatua dentro da bomba de ar. Na representação do quadro observamos uma reunião científica noturna, uma vez que, ao fundo as cortinas da janela estão abertas, e no céu, um pouco escondida pelas nuvens, podemos observar a lua cheia. Diante disso, concluímos que, tal representação seria uma homenagem que o pintor Joseph Wright presta aos membros da Sociedade Lunar de sua época, que tem como assunto principal, a demonstração das propriedades do ar.
A representação da obra retrata um estudioso da natureza, James Ferguson executando experimentos associados à pressão do ar. Ao centro da pintura, Ferguson manipula uma bomba de vácuo, constituída por uma estrutura de madeira com duas colunas cercando dois pistões metálicos e um braço articulado.
O braço se conecta a uma alavanca com a qual se executa o bombeamento de ar pelos pistões e ao lado dessa estrutura, há uma coluna de madeira que sustenta um enorme globo de vidro, visto que, em seu interior há um pássaro, exótico para a região, e identificado como uma cacatua. Na obra de Wright, a bomba de vácuo surge, ao lado de seu operador, como elemento soberano a dominar a cena.
Diante disso, com um olhar convidativo, o estudioso da natureza tem em suas mãos o poder sobre a vida e a morte. Visto que, o controle da quantidade de ar disponível ao pássaro e a decisão sobre a vida do mesmo, é ditada por James Ferguson e por seu instrumento.
Além disso, observamos que os diversos semblantes das pessoas representadas no quadro, parecem reproduzir a multiplicidade de sentimentos causados pelas conquistas científicas da época: temor, esperança e poder diante dos novos tempos.
A fim de substituir parte da bomba de ar, utilizamos uma esfera de plasma. A esfera de plasma é um objeto que é constituído por uma esfera de vidro que contém um gás em baixa pressão e por um eletrodo central de alta voltagem. Várias descargas elétricas são ativadas e provocam a ionização de alguns átomos de gás. Quando esses átomos voltam ao estado normal eles emitem luz. Quando uma pessoa toca a esfera de plasma ela passa a ser um condutor e é por esse motivo que há uma iluminação em direção à mão da pessoa, pois ela agora induz e conduz a corrente elétrica.
A segunda parte, é a cortina aberta. Analisando o fragmento da releitura onde se encontra uma senhora na parte direita, percebe-se que ela faz referência ao jovem da representação da obra. Tanto na representação da obra como na releitura eles estão próximos às janelas. Na releitura, a senhora faz gestos de estar abrindo as cortinas para iluminar o local do experimento, pois se fez necessário a iluminação natural. Já na representação da obra, o jovem segura uma corda com a qual pode içar uma gaiola, pois percebe que o cientista já tinha provado o que podia acontecer pela falta do ar, e que provavelmente a Cacatua ainda estivesse viva, portanto, o jovem não está abrindo as cortinas da janela, pois já estão abertas. No céu, pode-se avistar a lua cheia escondida pelas nuvens. Entende-se na representação da obra que não tenha sido preciso a iluminação advinda da lua cheia, mas apenas da luz de velas. Como dito, anteriormente, o registro da lua foi talvez uma homenagem que Derby prestou aos membros da Sociedade Lunar de sua época que, com suas reuniões noturnas, já antecipavam os encontros científicos tão comuns nos dias de hoje.
A Sociedade Lunar foi um clube de discussão e sociedade científica informal composta por importantes industrialistas, filósofos naturais e intelectuais que se reuniam regularmente na cidade de Birmingham, Inglaterra, entre os anos de 1765 e 1813. Inicialmente, era denominada de Círculo Lunar até que em 1775 ganhou o nome de Sociedade Lunar. Esse título remete ao fato de seus membros reunirem-se somente nos períodos de lua cheia, quando a maior luminosidade tornava o regresso para casa mais fácil e seguro em caso de ausência de iluminação pública.
A terceira imagem recortada, é da caveira que está presente nas duas obras. Na representação da obra O Experimento com uma Bomba de Ar, de Joseph Wright of Derby, à direita do quadro, encontra-se um homem de perfil, pensativo iluminado de forma sutil. A maior parte de seu corpo está na escuridão e ele aparece alheio ao que acontece no centro da cena. Seu olhar se dirige a outro ponto - uma caveira dentro do jarro, que funciona como um lembrete para a morte.
Já na representação da obra Os Embaixadores de Hans Holbein, a caveira humana apresenta-se de forma anamórfica. O aspecto representativo desta forma só é possível de ser percebido subliminarmente, por meio de uma visão periférica, olhando-a obliquamente. A caveira nesta obra simboliza o mesmo que na representação da obra O Experimento com uma Bomba de Ar, a finitude da vida.
Recorte: Chih Wei Chiang
A quarta, e a última imagem, é dos instrumentos científicos ou astronômicos presentes nas duas obras também. Na obra “Os embaixadores” de Hans Holbein, o Jovem, são representados instrumentos de aferição de uso importante na época.
A pintura retrata instrumentos diversos, como o relógio solar poliédrico, que aparece também em outra pintura do artista, que retrata Nicholas Kratzer, renomado construtor de instrumentos astronômicos de sua época. Na referida pintura, o habilidoso construtor é representado com o instrumento em mãos, tendo próximas as ferramentas utilizadas na confecção do mesmo.
Também aparece a escala de um relógio solar equatorial, que consiste de um semicírculo em madeira com graduações inscritas nas bordas. Aparece próxima à figura de Georges de Selve. Usado para determinar a posição dos astros, e produzir conversões entre coordenadas equatoriais e eclípticas.
O relógio solar cilíndrico, ou relógio dos pastores, também aparece sobre a prateleira.
A esfera celeste, parcialmente oculta pelo braço de Jean de Dinteville, em cuja superfície estão desenhadas as constelações.
Na parte inferior, junto a instrumentos musicais, aparece a esfera terrestre.
A pintura de Holbein evidencia não somente a importância científico-técnológica destes instrumentos na sociedade, mas o estatuto estético alcançado pelos mesmos, devido ao aprimoramento, observado no período, na confecção destes objetos.
Os
embaixadores. Disponível em: <http://www.casthalia.com.br/a_mansao/obras/holbein_embaixadores.htm>.
Acesso em 27 abr. 2013.
Representação de Temas Científicos
em Pintura do Século XVIII. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc31_3/06-HQ-0808.pdf>.
Acesso em 27 abr. 2013.
Representação de Temas Científicos em Pintura do Século
XVIII: Um Estudo Interdisciplinar entre Química, História e Arte.
Química nova na escola. Vol. 31, N° 3, AGOSTO 2009. Disponível
em:<http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc31_3/06-HQ-0808.pdf>.
Acesso
em: 28 abr. 2013.