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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

B.U.R.GS

Capítulo V


 A escultura em sua totalidade é composta por 6 peças, 5 disposta em meia lua e 1 (cristo) se encontra no centro. Elas descobriram que nas figuras dos guerreiros em meia lua havia gravado microscopicamente em seus chapéus as seguintes letras: B U R G S respectivamente em ordem da direita para a esquerda. Na figura central, onde foi encontrado o mapa, elas identificaram o símbolo que representa o masculino, um triângulo.
Depois de um longo período de tempo consultando livros, documentos da igreja, Sol, Joana e Rômulo percebem que as letras gravadas nos guerreiros não aparecem no nome do escultor que os criaram, sendo assim, eles suspeitam que é possível que a obra fosse esculpida por esse BURGS. Ao se voltar para documentos históricos do artista Aleijadinho, Joana descobre que ele fez um número surpreendente de obras durante sua vida, um número quase que impossível, e depois de fazer uma análise estéticas das esculturas do aleijadinho com A Flagelação ela realmente conclui que tal obra muito provavelmente não é a de Aleijadinho.
Ao verificar documentos da época colonial, Sol e Joana descobrem um registro do navio de Visconde de Nassau, que veio pra o Brasil por volta de 1637, no qual havia os nomes dos tripulantes, entre eles além do artista Eckhout, veio também um um jovem de 18 anos chamado Rutger Van Buregis.
Buregis, mesmo sendo holandês, durante sua estadia no Brasil voltou-se para a função da classe carmelita, além da jesuítica. Mesmo que a primeira estivesse mais voltada para as freiras, Buregis também agia no meio, porém com objetivos distintos: ele trazia crianças e adolescentes órfãos da Europa e os submetiam à ação de uma seita, com um número consideravelmente grande de padres atuantes, que acreditavam e pregavam alcançar a salvação divina por meio do estupro de seres espontâneos e inocentes: as crianças, reforçada desde as primeiras iniciativas de colonização e invasão dos territórios das Américas.

 Tais crianças frequentemente eram fruto de relações entre padres europeus e fiéis por estupros ocorridos nas cidades, bem como relações extraconjugais. Deixadas às ruas ou em conventos, algumas eram assassinadas, outras morriam por desnutrição e doenças diversas, e dentre as que sobreviviam algumas eram recolhidas para serem levadas para as colônias.
 O uso do corpo como intermédio do divino e humano é presente em diversas crenças, mas o cunho sexual é entendido como tabu na religião cristã sob um plano geral, uma vez que o sexo existe para procriação. No entanto, a linha é difusa quando se tratam de situações não-oficiais, e quaisquer iniciativas de aliciação e abuso, se ocorrem, ficam debaixo dos panos. Ao final do século XV e início do século XVI, com a perda do controle da população ocasionado pelos movimentos de reformas religiosas que ascendem em voz e força (culminando na reforma de Lutero) e os desdobramentos renascentistas, um grupo dentro do clero preocupa-se com as formas de persuasão possíveis para recuperar o poder que se dissolve. Considerando o momento frágil, ao invés de manter as práticas ritualísticas que funcionariam bem dentro dos séculos da Idade Média, decidem por experimentar a validade de tais práticas em suas colônias quando chegam as informações da descoberta de um novo continente.
 No Brasil, já bem estruturada e dominante, em 1658 foi realizado um documento com toda a corte jesuítica, instituindo a prática pedofílica e o uso do estupro como componente essencial para o alcance da santidade e salvação divina através das relações sexuais. Tal celebração foi realizada na missão jesuítica que ficava à margem do Rio Tibagi, no atual estado do Paraná.
Este grupo, sendo descoberto pelos católicos portugueses presentes em terras brasileiras, foi perseguido e caçado, porém nunca exterminado. Em uma fuga, em 1662, acredita-se que Buregs enterrou o documento protegido por uma caixa de pau-brasil em terras paranaenses, próxima da região onde fica a bacia do rio Tibagi. Nesta fuga ele foi morto pelos padres portugueses.
A seita aumentou ao passar dos anos, no entanto - tomou forma e visibilidade, sendo apresentada como nova religião em meados dos anos 1960 sob o nome de Filhos de Deus, possuindo devotos em diversos países até hoje e sendo considerada oficialmente como Seita pelo FBI.
Depois de terem descoberto essa narrativa, Sol, Rômulo e Joana logo associaram as letras BURGS como uma homenagem feita por um seguidor para Rutger Van Buregis, e a representação símbolo masculino que remete ao falo. Elas estavam com o mapa que levava ao possível paradeiro do documento. 
Sendo assim o trio começa a correr contra o tempo para decifrar os símbolos do mapa e achar o possível paradeiro da caixa escondida.
Desenrolando todos os mistérios que o mapa contem e sobrevivendo à todas as torturas, elas descobrem que o mapa se encontra enterrado na região onde foi fundada, em 1969, a Universidade Estadual de Maringá.
O local do esconderijo havia sido descoberto, neste momento Rômulo se articula rapidamente para ter acesso ao espaço antes de Joana e Sol, e justamente em um momento de descuido dessa sua pressa ele deixa passar um descuido, a presença da marcação do símbolo da seita presente em seu calcanhar. Sol não sendo burra nem nada reconhece o símbolo e desmascara Rômulo para a Joana. E aí uma briga física acontece e Rômulo acerta Joana na jugular com uma faca.
Desesperado e assustado Rômulo foge e Sol liga para a polícia e conta quem havia a matado. Porém, Rômulo sendo o protegido da igreja que acredita que ele tenha a matado por ter conseguido pegar o mapa, consegue sair a salvo, o caso é arquivado e a morte esquecida como tantas outras naquele momento histórico.
Rômulo, depois do acontecido, volta para a igreja para mais um dia de trabalho, porém, neste meio período de fuga e sumiço dele, os superiores descobrem seu envolvimento com os Iluminatti, Sol o havia denunciado, e o matam.
Guiada pela sede de vingança contra a igreja católica, Sol quer descobrir o documento, mas em contrapartida guiada pela proteção social das crianças e dos adolescente ela decide por não desenterrar a caixa, porém deixa um marco onde marcava no mapa o local. Em 1976, já a beira da morte, e com o fim da ditadura, Sol decide fazer um marco onde acreditava estar a caixa, que mais tarde foi tornado no memorial dos mortos do massacre do eldorado por uma de suas seguidoras. E o mapa... elas o queimaram.

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