Francesco seguiu impaciente
para a biblioteca da casa, seguido por Bruno. Ficaram horas e horas procurando
pistas que pudessem ajudar livros que pudessem dar informações. A noite caiu, quando
o jovem ligou o lustre, um livro que estava no ultimo andar da estante emanou
um forte reflexo, o jovem subiu em uma cadeira e alcançou o livro. Foleando as
paginas, fitando tudo quase sem piscar.
- Achamos, Achamos! -Gritou
o jovem.
- O que encontrou
exatamente?
- Vamos por partes, o
labirinto veio acompanhado de rascunhos que teoricamente foram produzidos por
Rodin, quando criou a “Porta do inferno” e todas as suas possíveis variações,
então, provavelmente deve ter alguma relação com a localização que o labirinto
guarda. As cores, segundo a alquimia, variam entre cores diurnas, que são em
sua essência positivas e as cores noturnas, que são frias e negativas, então,
enxergo como se fosse um confronto, além disso, alguns pesquisadores antigos,
atribuem a cor azul para representar Deus Pai, a cor vermelha para representar
o Filho, e por fim, o amarelo representando toda a Santíssima Trindade. Também
acredito, pela linha de raciocínio que venho tecendo, que essa esfera, guarda
em seu interior, enxofre, que é uma das substancias químicas mais abundantes em
vulcões, e também, considerada abundante no inferno. Eu não sei exatamente onde isso vai dar, meu
amigo, mas juntando a relutância do vaticano com essas informações que acredito
estarem corretas, deve-se tratar de algo religioso, que a igreja católica não
quer que seja encontrado. Mas para ter certeza, preciso decifrar essa escrita,
você está exausto Bruno, descanse um pouco.
- Sua inteligência as vezes
me espanta, vou me deitar mas pode me chamar a qualquer momento que precisar.
Ao continuar foleando o
livro, o jovem historiador, encontrou uma página que não pertencia ao exemplar,
solta. Provavelmente, Arthur a colocou ali prevendo que algo poderia lhe
acontecer. Era um alfabeto primitivo, hebraico, que provavelmente, deu origem
ao nosso alfabeto atual. Arthur transcreveu a frase do labirinto e chegou ao
resultado
“ Nem tudo que é bom deve
ser encarado, o que foi escondido e enterrado não deve ser encontrado, existe
muito entre a luz e a sombra”.
A escrita deixou o jovem
intrigado, ele pegou então uma vela, e foi girando o labirinto, até que viu
refletir alguns números bastante pequenos “37°58′N 58°20′E” , correu então ao mapa, as
coordenadas indicavam a capital de um pais localizado na Ásia Central,
Francesco então, se lembrou que corriam boatos de que uma cratera de fogo se
abriu no deserto e que muitos acreditavam ser a porta do inferno.
Ao amanhecer, o jovem providenciou o transporte e
comunicou a seu amigo todas as descobertas feitas durante a madrugada. O bispo,
surpreso com a agilidade do menino, se organizou para a viajem. Após mais de um
mês, os dois chegaram ao deserto, Francesco havia convidado seu irmão, que
estava estudando na Ásia para acompanhar a missão. Depois de sofridas
caminhadas, os três finalmente chegaram até a cratera, ela era enorme,
aproximadamente 70 m de diâmetro, vendo de tão perto, era impossível não
acreditar que se tratava do próprio inferno. Perto da cratera havia alguns
galhos secos e retorcidos, Francesco não compreendeu muito bem como eles foram
parar ali, ou como resistiram a tanto tempo, uma vez que com a abertura da
cratera, o terreno se tornou ainda mais complicado para a vegetação. Os três se
sentaram nos galhos para descansar, no entanto, com o peso eles cederam, Bruno
caiu de cotovelos, que doeram ao bater em algo extremamente rígido.
- Meninos, tem algo aqui além de areia.
Os jovens jogaram os restos de galhos para o lado e
começaram a passar a mão, de modo a tentar afastar a areia. Para a surpresa de
todos, era um alçapão. Como estava fechado a muito tempo, foi difícil e
demorado para conseguir abri-lo. Quando finalmente conseguiram, o conteúdo era
inacreditável. O alçapão guardava uma das portas de Rodin, uma que
aparentemente nunca havia sido vista, era toda de mármore, linda, forte,
imponente. Junto com ela havia um
envelope, ao abrir, mais surpresa ainda, um decimo nível do inferno de Dante, a
qual a porta se referia. O perdão.
- É obvio, mesmo se tratando apenas de uma obra de
arte e literal, isso poderia instigar uma serie de questionamentos e até
revoltas da prole. A igreja perderia toda a renda vinda das indulgencias e
seria ainda mais questionada por todos os métodos utilizados no decorrer do
século, principalmente na idade média. Além disso, as pessoas iam achar que não
precisariam mais do intermédio da igreja para atingir o divino.
- Faz bastante sentido Dom Bruno, mas o que faremos
agora? Obviamente o Vaticano não tem interesse em expor esta descoberta.
- Eu sei Francensco, tenho amigos na Galeria Uffizi, é um dos museus mais antigos da
Europa, eles tem poder o suficiente e provavelmente interesse, para não se importar
com a crise que pode causar. Com toda certeza vão arrumar uma forma de buscar a
porta e os envelopes, enquanto isso ficaremos na cidade.
Um
ano e meio depois, finalmente, a porta foi resgatada e exposta no museu. A
igreja fez o que podia para evitar a exposição pública das obras, mas de nada
adiantou. Depois disso realmente, as ofertas de dizimo diminuíram e o Vaticano
perdeu grande numero de fieis, Dom Bruno se aposentou, afastando-se das pessoas
que queriam lhe fazer mal, ele e Francesco foram contratados pelo museu e
seguem suas pesquisas a fim de concluir novas descobertas.
Acadêmicas: Ana Ribeiro e Natália Tiemi