Capítulo final
Eduardo decidiu analisar esses últimos desenhos do aparente diário um pouco mais a fundo, pegou seu bloco de anotações, que normalmente utilizava para anotar atentamente os comentários de seus clientes, principalmente quanto estavam empolgados de mais com o projeto, organizou sua mesa de forma que, o diário se encontrava ao centro, seu bloco de anotações do lado do direito e seu computador na extremidade do lado esquerdo, respirou fundo e começou a olhar detalhe por detalhe das últimas páginas registradas, o esboço da residência cuja o título era “a descoberta” aparentemente não dizia nada, ele procurou em bancos de imagem em vários sites de buscas, mas não encontrou nada parecido com o esboço realizado ali, pensou um pouco mais e decidiu passar para a próxima página, essa em questão trazia um esboço da parte interna de algum cômodo, Eduardo deduziu que fosse uma sala, ou algo próximo a isso, devido a disposição dos móveis e o tamanho do espaço, nesse esboço em questão, em uma das paredes estava escrito, 1901, ele pensou que poderia ser um endereço, e buscou todos os endereços 1901 que existiam no Rio, encontrou muitos, tantos que seria impossível verificar um por um, descartou essa possibilidade, após olhar fixamente para o esboço, notou que, no lugar da assinatura, em que normalmente se encontrava as iniciais G.B. estava gravado F.R. , Eduardo pensou na possibilidade de um outro indivíduo ter realizado aquele trabalho, talvez um amigo de Georgia, pareceu ser plausível, afinal, é sempre um prazer, receber esboços e trabalhos de amigos em seu moleskine, lembrou de uma vez na universidade, em que ele e seus amigos, trocaram os moleskines para que cada um deixasse o seu registro no diário do outro, é, bem, talvez realmente fosse isso, mas o que continuava a incomodá-lo, era a semelhança dos traços e da técnica do desenho com todos os outros trabalhos já realizados no diário de Georgia. Eduardo registrou os detalhes notados por ele em seu bloco de anotações e passou para a próxima página, o segundo esboço aparentemente representava uma cozinha ou algum lugar próprio para se manusear alimentos ou apoiar utensílios, visto que, o ambiente esboçado apresentava dois balcões, fugindo um pouco dos padrões de design abordados em cozinhas, normalmente ele encontrava e projetava balcões em L, ou contínuos, com algumas variações, mas dois, da forma que estavam dispostos, parecia algo mal projetado, porém, eram apenas esboços o lugar perfeito para projetar algo novo, ou fazer testes, ele notou que em um deles, havia uma marca, levemente apagada, parecia ter sido apagada sem querer, quando se apaga um traço próximo, 1929, ele olhou e lembrou da página anterior, mais um número, registrou novamente em seu bloco e em seguida, procurou a assinatura, esperando que o padrão se repetisse, e ele estava certo, E.sP. , Eduardo começou a descartar a possibilidade de ser um trabalho realizado por algum amigo, ou algum outro artista, a semelhança entre os desenhos era absoluta , não poderia ser de artistas diferentes, não ali em um mesmo diário, começou a ficar ansioso, suas mãos geladas e aquela queimação no peito começou a surgir, passou para a próxima página rapidamente, procurando os mesmos detalhes, e lá estavam eles, mais uma vez, um esboço, onde na parede, mais um número aparecia “1956”, procurou novamente pela assinatura, dessa vez, era igual a primeira, F.R. , aquilo o estava deixando nervoso, ele tinha descoberto um padrão, porém, não tinha a mínima ideia do que ele significava, antes que pudesse continuar a confabular hipóteses, seu telefone toca, ele o retira do bolso e olha para a tela, terça-feira, 1:30, quem estaria ligando esse horário, ele já deveria estar dormindo há algumas horas, resolveu atender, após o alo e a apresentação de que estava ligando, não houve espanto, malagueta tinha acabado de sair de um de seus negócios e disse que gostaria de entregar metade do dinheiro do projeto antes que as obras se iniciassem, como haviam combinado, relatou que havia um carro a espera de Eduardo em frente ao seu portão e que o carro iria levá-lo até malagueta. Eduardo, fechou o diário, seu computador e foi de encontro a malagueta, após a bons minutos de carro em direção a uma parte nobre da cidade, chegaram a um portão que abriu assim que notou a chegada do carro, ao entrarem pelo portão, sentiu que aquilo lhe era familiar, mas era impossível, nunca esteve naquela região antes, malagueta estava esperando na entrada da casa com um envelope, entregou a eduardo e conversaram um pouco sobre o projeto, entretanto, mesmo eduardo parecendo presente na conversa, seu pensamento estava fixo no porque aquilo ali lhe era tão familiar, essa dúvida não o deixava se concentrar em mais nada, prendeu totalmente sua atenção, terminaram a conversa, Eduardo entrou novamente no carro com seu envelope e quando estava saindo pelo portão, as luzes da casa se apagaram e foi então que os contornos apagados da construção fizeram sentido, esse era o esboço que ele havia encontrado no diário de Georgia.
Anne Baliscke, Guilherme Mello, Mariana Silva e Vanessa Arnaut
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